OSMAN
LINS: PRIMEIROS MOVIMENTOS DE UMA POÉTICA
Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro Silva
Resumo:
De textos escritos para serem lidos e “representados” através do rádio, às
narrativas mais complexas, romance e conto, O
Visitante (1955) e Os Gestos
(1957), Osman Lins (1924-1978) dá início à sua inserção no espaço literário
brasileiro, vinte e cinco anos depois da década que marcou grandes conquistas
no cenário da inteligência e das Letras no Brasil. As duas obras iniciais
antecederam sua mudança para São Paulo e conduziam, já, as raízes formais de
uma escrita que se caracteriza por uma obstinada decisão de imprimir, à
linguagem literária em Língua Portuguesa, as marcas do estilo e da escritura de
um escritor e autor de ficções de perspectivas abertas para muitas frentes. As
contingências da vida, seus medos, sua angústia, suas perguntas, seus
mistérios, a ansiedade diante de um momento da História voltado para a
desilusão e a incerteza são temas que ganham uma estilização raramente
alcançada, como projeção da inteligência e da sensibilidade artística de um
fazer de ficções, para melhor apontar as lacunas do dia-a-dia de cada um de
nós, seus personagens. Este trabalho propõe-se a fazer uma leitura destes
primeiros movimentos.
Palavras-chave:
Espaço Literário – Ficção – Estilo – Escritura- Contingência
A
PALAVRA E SEU “GÊMEO”: UMA ABORDAGEM DO “RETABULO DE SANTA JOANA CAROLINA”.
Prof. Josenildo Ferreira T. Silva
Resumo:
No
caos reside a ordem ainda por ser descoberta, criada enquanto símbolo da
própria essência do ser. Do verbo o mundo se fez mundo, nomeou seus seres e
delineou seus mártires, deixou de ser apenas um elemento difuso, adquiriu
carne, corpo, sangue vida. A argila pôs-se em movimento e vibra em nossas
línguas através da palavra. A palavra, nos dizeres do filósofo Paul Ricoeur
(1913- 2005), na obra O Conflito das
Interpretações (s/d) assume, portanto uma dupla natureza, um sentido
primário apreendido nas superfícies da representação signica, e um segundo,
puro mistério, revelação do enigma da esfinge, que é sombra e luz, que mostra e
esconde e cabe a nós leitores decifrar. Esta é uma característica das produções
do século XX nada é uma única coisa. Joana Carolina é criadora e criatura,
palavra e significado, deusa e santa, que origina a narrativa e o mundo. É sob
estas bases que este trabalho se estrutura, analisaremos a palavra e seu
movimento dentro da narrativa de Osman Lins (1924 – 1978), a palavra e seu espaço
de luz e sombra, em que gêmeos não são iguais.
Palavras-chave:
palavra.
Significado. Criação. Escrita.
O
RISO COMO SUBVERSÃO: UMA LEITURA DE LISBELA
E O PRISIONEIRO, DE OSMAN LINS
Francisco
Carlos Carvalho da Silva (FECLESC - UECE)
Por muito tempo na
história da humanidade, o riso foi considerado pecado, coisa do diabo. Isso
ocorria, certamente, pela capacidade que tem o riso de ridicularizar;
subvertendo valores estabelecidos e tidos como imutáveis. Assim sendo, o riso
foi por muito tempo considerado não apenas um pecado mortal, mas imoral e
destruidor do Estado e da fé, por exemplo. Dessa forma, o riso foi censurado,
sendo punidos com a morte todos aqueles que ousassem desafiar a Inquisição, por
exemplo. Em tempos outros, sob sistemas autoritários, o riso continuou a ser
perseguido e criminalizado. Muitos artistas, no entanto, utilizaram sua arte
para fazer frente aos desmandos das elites políticas, ao arcaísmo da sociedade,
bem como ao Estado e seus aparelhos ideológicos estabelecidos. Assim sendo, o
presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a presença do riso na peça Lisbela e o prisioneiro (1964), de Osman
Lins (1924 – 1978); observando de que maneira o autor de A rainha dos cárceres da Grécia (1976) se utiliza do riso como
forma de subverter determinados valores socioculturais observáveis no espaço e
no tempo da realização da peça. A utilização da comédia como forma de exposição
do texto, aponta para a mestria de um autor que, mesmo situando seu drama em um
contexto regionalista, o faz sabendo estar ao mesmo tempo situando-o no
contexto do drama universal; uma vez que as dores, desejos e angústias das
personagens Lisbela e Leléu também os são de todo homem e de toda mulher em
qualquer lugar do mundo. O riso em Lisbela
e o prisioneiro (1964) se
apresenta, então, como a única forma de subversão legada aos que se recusam a
se submeter aos ditames impostos pela sociedade. Como referência, recorremos
aos estudos de Andrade (1987), Igel (1988), Castro e Silva (2000), Ferreira (2005),
Faria & Ferreira (2009), Sarrazac (2012) e Heliodora (2013).
Palavras-chave: Drama.
Osman Lins. Comédia
SOLIDÃO, AMBIÇÃO E ABISMOS EM A ILHA NO ESPAÇO, DE OSMAN LINS
Geórgia
Gardênia Brito Cavalcante Carvalho (FECLESC – UECE)
O presente trabalho tem
como objetivo observar de que maneira a solidão e a ambição contribuem para o
surgimento e, consequente alargamento de abismos entre as pessoas no contexto
da contemporaneidade. Para tanto discorreremos acerca da novela A ilha no espaço (1964), de Osman Lins;
observando como o autor de A rainha dos
cárceres da Grécia (1986) aborda essas questões a partir da(s) vida(s) de
Claudio Arantes Marinho, o herói da referida narrativa. Considerado um exímio
criador de universos mágicos, Osman Lins (1924 – 1978) operou inúmeras
renovações no que diz respeito às estruturas, linguagem, temas e conceitos
literários na literatura brasileira ao longo da sua breve vida, legando à
cultura universal, significativa produção artística. Assim sendo, Lins deixou
relevantes trabalhos nos gêneros conto, romance, teatro, viagem, ensaio e
textos para a televisão. Entre todos os seus trabalhos, nos chama bastante
atenção a novela A ilha no espaço.
Trata-se de um texto narrativo de aproximadamente setenta e cinco páginas,
publicado pela primeira vez no ano de 1964. A edição que constitui nosso corpus de análise foi publicada no ano
de 1997 pela editora Moderna, contando com o prefácio “O edifício misterioso ou
um herói de duas vidas”, de José Paulo Paes. Trata-se de uma narrativa que
propõe questionamentos acerca das relações interpessoais, sejam elas no âmbito
da rua ou no seio da própria família, apontando para a solidão do ser humano em
meio caos da vida urbana diária; tendo esse homem que lidar não apenas com a ambição
daqueles que lhe estão próximos, bem como a daqueles que lhe são distantes, o
que ocasiona uma constante ampliação dos abismos que acabam por manter o homem
cada vez mais distante do seu semelhante e, pior ainda, de si mesmo. Como
embasamento teórico, utilizamo-nos dos trabalhos de Andrade (1987), Igel
(1988), Castro e Silva (2000), Todorov (2008), Ferreira (2005), Bauman (2005),
Bachelard (2005), Bauman (2007), Faria & Ferreira (2009).
Palavras-chave: Osman
Lins; Novela; Vida.
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