RESUMO: A paixão segundo G.H.: 50 anos
Por Prof. Wesclei Ribeiro da Cunha
Na esfera da produção ficcional de Clarice Lispector (1922-1977), A
paixão segundo G.H. (1964) representa um patamar. Verifica-se, nesta
obra, o sofrido resultado das indagações pessoais da escritora com
relação ao contraste entre transcendência e imanência, na medida em que
G.H. vislumbra, da existência, a autenticidade. Nesse
sentido, após 50 anos desta importante narrativa para a Literatura
Brasileira, propomos uma reflexão sobre a atualidade da poética
clariceana dentro dos estudos comparativos, haja vista que a poética
clariceana representa, com peculiar sensibilidade, a angústia
contemporânea, os tormentos existenciais e psicológicos que a condição
humana vivenciou no conturbado e catastrófico século XX, marcado pelas
guerras mundiais e pelo conflito global entre as principais potências
político-econômicas do planeta. Pela primeira vez, em sua produção
literária, Clarice Lispector dirige-se a “possíveis leitores”, de “alma
já formada” (antes mesmo de iniciar a narrativa). Convite instigante ou
provocação? Cumpre, pois, desafiarmo-nos a enfrentar esta “agônica
travessia”, de “alegria difícil”, na qual é possível verificar o caráter
místico, o essencial, que seria desenvolvido à semelhança de
experiência do Cristianismo, ainda que ao revés. Desta forma, a leitura
dessa narrativa exige do leitor perspicaz aproximação, pois G.H., ao
longo dessa profunda experiência mística, angustia-se por ter conhecido
outra possibilidade de leitura do mundo.
Palavras-chave: Poética, Literatura Comparada, A paixão segundo G.H.
Nenhum comentário:
Postar um comentário