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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Resumos das Palestras Jornada literária Osman Lins 22/08/14

OSMAN LINS: PRIMEIROS MOVIMENTOS DE UMA POÉTICA

Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro Silva

Resumo: De textos escritos para serem lidos e “representados” através do rádio, às narrativas mais complexas, romance e conto, O Visitante (1955) e Os Gestos (1957), Osman Lins (1924-1978) dá início à sua inserção no espaço literário brasileiro, vinte e cinco anos depois da década que marcou grandes conquistas no cenário da inteligência e das Letras no Brasil. As duas obras iniciais antecederam sua mudança para São Paulo e conduziam, já, as raízes formais de uma escrita que se caracteriza por uma obstinada decisão de imprimir, à linguagem literária em Língua Portuguesa, as marcas do estilo e da escritura de um escritor e autor de ficções de perspectivas abertas para muitas frentes. As contingências da vida, seus medos, sua angústia, suas perguntas, seus mistérios, a ansiedade diante de um momento da História voltado para a desilusão e a incerteza são temas que ganham uma estilização raramente alcançada, como projeção da inteligência e da sensibilidade artística de um fazer de ficções, para melhor apontar as lacunas do dia-a-dia de cada um de nós, seus personagens. Este trabalho propõe-se a fazer uma leitura destes primeiros movimentos.

Palavras-chave: Espaço Literário – Ficção – Estilo – Escritura- Contingência


A PALAVRA E SEU “GÊMEO”: UMA ABORDAGEM DO “RETABULO DE SANTA JOANA CAROLINA”.

Prof. Josenildo Ferreira T. Silva

Resumo: No caos reside a ordem ainda por ser descoberta, criada enquanto símbolo da própria essência do ser. Do verbo o mundo se fez mundo, nomeou seus seres e delineou seus mártires, deixou de ser apenas um elemento difuso, adquiriu carne, corpo, sangue vida. A argila pôs-se em movimento e vibra em nossas línguas através da palavra. A palavra, nos dizeres do filósofo Paul Ricoeur (1913- 2005), na obra O Conflito das Interpretações (s/d) assume, portanto uma dupla natureza, um sentido primário apreendido nas superfícies da representação signica, e um segundo, puro mistério, revelação do enigma da esfinge, que é sombra e luz, que mostra e esconde e cabe a nós leitores decifrar. Esta é uma característica das produções do século XX nada é uma única coisa. Joana Carolina é criadora e criatura, palavra e significado, deusa e santa, que origina a narrativa e o mundo. É sob estas bases que este trabalho se estrutura, analisaremos a palavra e seu movimento dentro da narrativa de Osman Lins (1924 – 1978), a palavra e seu espaço de luz e sombra, em que gêmeos não são iguais.
Palavras-chave: palavra. Significado. Criação. Escrita.

  
O RISO COMO SUBVERSÃO: UMA LEITURA DE LISBELA E O PRISIONEIRO, DE OSMAN LINS

Francisco Carlos Carvalho da Silva (FECLESC - UECE)

Por muito tempo na história da humanidade, o riso foi considerado pecado, coisa do diabo. Isso ocorria, certamente, pela capacidade que tem o riso de ridicularizar; subvertendo valores estabelecidos e tidos como imutáveis. Assim sendo, o riso foi por muito tempo considerado não apenas um pecado mortal, mas imoral e destruidor do Estado e da fé, por exemplo. Dessa forma, o riso foi censurado, sendo punidos com a morte todos aqueles que ousassem desafiar a Inquisição, por exemplo. Em tempos outros, sob sistemas autoritários, o riso continuou a ser perseguido e criminalizado. Muitos artistas, no entanto, utilizaram sua arte para fazer frente aos desmandos das elites políticas, ao arcaísmo da sociedade, bem como ao Estado e seus aparelhos ideológicos estabelecidos. Assim sendo, o presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a presença do riso na peça Lisbela e o prisioneiro (1964), de Osman Lins (1924 – 1978); observando de que maneira o autor de A rainha dos cárceres da Grécia (1976) se utiliza do riso como forma de subverter determinados valores socioculturais observáveis no espaço e no tempo da realização da peça. A utilização da comédia como forma de exposição do texto, aponta para a mestria de um autor que, mesmo situando seu drama em um contexto regionalista, o faz sabendo estar ao mesmo tempo situando-o no contexto do drama universal; uma vez que as dores, desejos e angústias das personagens Lisbela e Leléu também os são de todo homem e de toda mulher em qualquer lugar do mundo. O riso em Lisbela e o prisioneiro (1964) se apresenta, então, como a única forma de subversão legada aos que se recusam a se submeter aos ditames impostos pela sociedade. Como referência, recorremos aos estudos de Andrade (1987), Igel (1988), Castro e Silva (2000), Ferreira (2005), Faria & Ferreira (2009), Sarrazac (2012) e Heliodora (2013).

Palavras-chave: Drama. Osman Lins. Comédia

SOLIDÃO, AMBIÇÃO E ABISMOS EM A ILHA NO ESPAÇO, DE OSMAN LINS

Geórgia Gardênia Brito Cavalcante Carvalho (FECLESC – UECE)

O presente trabalho tem como objetivo observar de que maneira a solidão e a ambição contribuem para o surgimento e, consequente alargamento de abismos entre as pessoas no contexto da contemporaneidade. Para tanto discorreremos acerca da novela A ilha no espaço (1964), de Osman Lins; observando como o autor de A rainha dos cárceres da Grécia (1986) aborda essas questões a partir da(s) vida(s) de Claudio Arantes Marinho, o herói da referida narrativa. Considerado um exímio criador de universos mágicos, Osman Lins (1924 – 1978) operou inúmeras renovações no que diz respeito às estruturas, linguagem, temas e conceitos literários na literatura brasileira ao longo da sua breve vida, legando à cultura universal, significativa produção artística. Assim sendo, Lins deixou relevantes trabalhos nos gêneros conto, romance, teatro, viagem, ensaio e textos para a televisão. Entre todos os seus trabalhos, nos chama bastante atenção a novela A ilha no espaço. Trata-se de um texto narrativo de aproximadamente setenta e cinco páginas, publicado pela primeira vez no ano de 1964. A edição que constitui nosso corpus de análise foi publicada no ano de 1997 pela editora Moderna, contando com o prefácio “O edifício misterioso ou um herói de duas vidas”, de José Paulo Paes. Trata-se de uma narrativa que propõe questionamentos acerca das relações interpessoais, sejam elas no âmbito da rua ou no seio da própria família, apontando para a solidão do ser humano em meio caos da vida urbana diária; tendo esse homem que lidar não apenas com a ambição daqueles que lhe estão próximos, bem como a daqueles que lhe são distantes, o que ocasiona uma constante ampliação dos abismos que acabam por manter o homem cada vez mais distante do seu semelhante e, pior ainda, de si mesmo. Como embasamento teórico, utilizamo-nos dos trabalhos de Andrade (1987), Igel (1988), Castro e Silva (2000), Todorov (2008), Ferreira (2005), Bauman (2005), Bachelard (2005), Bauman (2007), Faria & Ferreira (2009).


Palavras-chave: Osman Lins; Novela; Vida.

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